Home Edição de 15/09/2022

A Fibra Óptica – Capítulo I

Em 1870, o físico inglês Jonh Tyndall provou para uma plateia de incrédulos que a luz não era algo “indobrável”, retilínea e constante até a eternidade, como era pensado por todos até aquele ano. John quebrou um paradigma ao demonstrar o princípio de guiamento de luz, através de uma experiência muito simples: com uma lanterna dentro de um recipiente opaco furado e com água, ele provou que a luz podia, sim, fazer curvas. O conhecimento, de tão avançado à época, de nada serviu, e só voltou a aparecer 100 anos depois.
Foi quando o físico Narinder Singh Kapany começou a estudar, em seu dourado em ótica, sobre as singularidades da reflexão total interna. Ele buscava um material que tivesse o menor índice de refração para, assim, conseguir algo que funcionasse como um espelho. Quanto maior a diferença entre os índices de refração, menor o ângulo limite, dessa forma, toda luz que entrasse seria refletida em todos os ângulos possíveis. Mas ele precisava aprisionar a luz dentro desse material, para que ela só saísse na outra extremidade, independente do formato do tubo. Então a luz agiria da
mesma forma sempre, com milhares de reflexões sucessivas. Pronto, estava formulada a teoria que resultaria na nossa internet.
Com as fibras de vidro, que já vinham sendo usadas como isolante térmico desde o século XVIII, e os outros materiais readaptados até chegar nas dimensões de um fio de cabelo e no estágio perfeito, Narander Kapany cunhou a expressão fibra óptica e patenteou a invenção.
Mas ele só enxergava sua criação com utilidade para o campo da medicina.
Foi então que o físico chinês Charles Kao teve a ideia de usar as fibras ópticas para a transmissão de chamadas telefônicas. Ele conseguiu provar que os recém-inventados cabos de fibras ópticas, embora muito menores que os cabos convencionais, tinham uma capacidade enorme de transmitir dados, tanto de voz quanto de televisão, computador, internet, e que custaria muito menos.
Produzida desde os anos 60, a primeira rede telefônica com esta tecnologia foi inaugurada em 1973, nos EUA, e desde então começou a se disseminar. Três anos depois veio o primeiro link de TV a cabo, no Reino Unido, e em 1988 o primeiro cabo oceânico foi instalado, dado início à era da supervelocidade da informação. O cabo intercontinental tinha capacidade para 40 mil conversas telefônicas simultâneas, usando tecnologia digital. Atualmente, os cabos submarinos têm capacidade para 200 milhões de circuitos telefônicos.


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A Fibra Óptica no Brasil