Neste domingo, os radioamadores foram questionados com uma pergunta no Twitter: “Ainda existe Rádio amador (sic)?”, feita pelo comentarista Guga Chacra, da rede Globo. Dando uma colher de chá pelo erro comum de nos chamar de “rádio amador”, o QTC da ECRA convidou os colegas a responderem ao jornalista. O colega Jean, PU3KNG, escreveu uma resposta que resume bem um pouco do que o radioamadorismo foi, é e sempre será e cremos que vale a pena ser lida e compartilhada por todos os radioamadores do Brasil. Leia abaixo:
Guga Chacra:
Ainda existe twitter!?😂😂😂
Eu não tenho twitter, mas respondam para ele que o radioamadorismo existe sim, e em várias modalidades: bate papo, transmissão de imagens, código morse, contatos via reflexão lunar, contatos via satélite, comunicação a curta (local) e longa distância (DX), modos digitais trocando mensagens via caracteres e imagens… Existem várias competições ao longo do ano e de 4 em 4 anos existe uma olimpíada mundial de radioamadores.
Digam também que são os radioamadores que têm contato praticamente diário com a ISS (Estação Espacial Internacional), que a ISS tem repetidoras para radioamadores e que existem inúmeros outros satélites em órbita somente para uso dos radioamadores. E que o satélite mais antigo em operação DO MUNDO, com 45 anos completos de operação, foi feito por… radioamadores.
Digam pra ele que tudo que ele conhece como última tecnologia em comunicação nada mais é do que a mesma coisa que os radioamadores faziam antigamente com uma carinha nova para disfarçar que é tecnologia nova: o celular dele nada mais é do que um rádio com uma potência insignificante; mas continua sendo um rádio, recebendo e transmitindo em frequências de rádio.
Digam também que o wireless que ele usa para acessar a internet nada mais é que comunicação via rádio. Que a própria internet nada mais é do que a troca de dados que os radioamadores faziam quando mal existia computador… Que o WhatsApp e o Twitter que ele usa não passam de modos digitais, usados desde a antiguidade pelos radioamadores, no tempo que nem existia celular…
A TV nada mais é do que um decodificador de rádio pacote (packet radio, feito por radioamadores). E que na década de 80, quando ele assistia TV em preto e branco, o radioamadorismo já fazia testes em comunicação digital. Agora botaram uma carinha de atualidade e esqueceram de onde vem…
Digam que para ter uma das mais difíceis e mais importantes profissões, para ser astronauta, é obrigatório ser radioamador. Se não for licenciado, não é chamado pela NASA… Ah, sim. Digam pra ele que o atual responsável pela pasta do MCTIC do Governo Federal, Ministro Marcos Pontes, além de astronauta, também é radioamador.
Digam pra ele que, a nível nacional, os radioamadores são representados pela LABRE – Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão, entidade reconhecida nacional e internacionalmente, presente nos estados brasileiros individualmente e que tem status de utilidade pública federal. Que a LABRE é responsável pela RENER – Rede Nacional de Emergência de Radioamadores, ligada ao Ministério da Integração Nacional para atuar em caso de desastres.
Tudo que você pensar em comunicação é oriundo do que os radioamadores fizeram e fazem na atualidade.
A diferença é que quando tudo para, seja numa catástrofe natural ou numa pane de energia, a única comunicação que vai parmanecer ativa é via rádio. Por isso, policia também usa rádio, por isso bombeiros usam rádio, por isso defesa civil usa rádio, por isso a NASA usa rádio, por isso o Exército usa rádio… Se o que a tecnologia atual apresenta fosse melhor e mais confiável, as instituições mais importantes do mundo usariam apenas celular, twitter, whatsapp, etc.
Para você ter uma ideia, a maioria dos rádios atuais custam mais do que uma televisão moderna… E os radioamadores os adquirem.
O radioamadorismo continua ativo, mas com maior afinco nos outros continentes. As experiências de comunicação, os dados meteorológicos (radiossondas), a criação, acompanhamento de lançamento e rastreamento de satélites também são feitos por radioamadores. O recente caso do Floripasat é um exemplo.
O radioamadorismo está interligado ao Ministério das Comunicações e é da reserva das Forças Armadas.
O radioamadorismo cresce a cada dia. Só não temos mais adeptos licenciados por conta da oferta pequena de vagas nos exames promovidos pela Anatel, sempre feitas em número insuficiente, provando a imensa demanda reprimida.
RADIOAMADORISMO, O UNIVERSO EM SEU LAR!
Att. Jean Carlos Schmidt
PU3KNG
1 comment
Fantástico, o rádio amadorismo é apaixonante por diversos motivos entre eles fazer amizades, conectando pessoas e difundir o conhecimento.
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